sábado, 11 de janeiro de 2014

Influências 2 - Rosa pra ele, azul pra ela

O tema de hoje relaciona-se também com minha simpatia pelo feminismo e, antes de tudo, lembre-se: eu ainda não tenho uma posição definida sobre os temas citados no blog, afinal aqui eu busco aprender com opiniões e vivências alheias e tentar assim chegar a alguma conclusão sobre a criação de um outro ser.

O assunto que me leva a conflitar rotineiramente com Dedé é sobre como agiríamos tendo um filho hetero ou homossexual. Da minha parte, a orientação sexual dele será indiferente, mas da parte de Dedé, não. Ele tem a preferência dele e quanto a isso eu não posso fazer nada, entretanto o problema não é necesariamente esse, já que eu sei que, apesar de ele ter uma preferência, ele vai cuidar do filho e respeitá-lo da mesma forma. A questão é que eu acho certo dar a liberdade de escolha pra um outro ser, seja ele meu filho ou não, o tal do livre arbítrio. O que quero dizer é que eu não pretendo induzir meu filho a um preconceito, privando-o de determinadas coisas que são classificadas por gênero. Exemplos? Já ouviu falarem que quando não se sabe o sexo do neném, a gente tem que comprar roupinhas de cores neutras, comumente amarelinhas e branquinhas e brinquedos só depois de crescido? Mas por quê? Por azul e verdinho é pra neném menino e rosa e lilás é pra neném menina. Bonequinhas, ferrinhos de passar e panelinhas são pra elas. Carrinhos, bolas e ferramentinhas são pra eles. Mas por quê?! Porque, caso contrário, estariam criando um filho frufru ou uma maria-macho. Mas não, não é por isso não. É porque temos um preconceito enorme e um medo maior ainda do próprio preconceito, mas isso está tão camuflado que às vezes nos passa despercebidamente.

Se pararmos pra pensar, quem foi que definiu quais cores eram femininas e quais eram masculinas? Porquê um menino não pode ser sentimental e uma menina racional? Ok, eu sei que nos primórdios as atividades estabelecidas para cada sexo fizeram com que se desenvolvessem habilidades mais específicas para cada um, mas isso não é uma regra. Nem todo homem tem que ser o provedor, o racional, o que vai trocar as lâmpadas, usar as calças com carteira no bolso de trás e nem o que vai dar a palavra final, assim como nem toda mulher tem que ser doce e meiga, a que vai  chorar com músicas românticas, usar saia de florzinha e lavar a louça depois de preparar o jantar. O fato é que somos induzidos a induzir isso. E se seu filho, ainda sem idade pra fazer distinções de sexo, quisesse brincar com bonecas e usar vestido? Simplesmente quisesse experimentar, porque viu a irmãzinha fazendo o mesmo? Eu penso que ele teria todo o direito e, depois, ele próprio escolheria o que lhe fosse mais atrativo, que te fizesse melhor, se seria um vestido ou uma bermuda, se seria uma boneca ou um carrinho. Mas a maioria de nós prefere privar o filho dessa alternativa, simplesmente porque acredita que isso poderia induzí-lo à homossexualidade – e isso seria visto como um problema – ou porque a sociedade iria julgar esse ato de maneira muito cuel (observação muito bem colocada por Dedé) – e é aqui que eu me pego num dilema: princípios versus razão, afinal eu não acredito nessa regra cissexista* de definir padrões pelo gênero, mas a sociedade no geral sim, e deixar meu filho, que ainda não tem discernimento para compreender o que essa escolha pelo “diferente” pode lhe acarretar, sofrer com o preconceito alheio, me deixa perplexa.

Engraçado que, nos dias em que eu estava estruturando este post, alguém próximo a mim com uma criança de uns dois anos e meio, me deu um exemplo exato do que eu sou contrária a se fazer: privou o pequeno de ter mais que dois dedinhos de prosa com uma boneca, alegando que “isso é coisa de menina”, e que ele “viraria menininha se brincasse com aquilo”. Duvido muito que ele soubesse que aquilo é característico de quem tem o órgão sexual oposto ao dele. Ele só queria brincar um pouco, possivelmente sem nem saber como, só associando com uma outra criancinha. Mas aos poucos ele vai crescer acreditando que só meninas podem brincar com bonecas e determinadas outras coisas e levar isso pra vida adulta também, acreditando que o papel de cuidar de um filho é especialmente da mulher, exceto pela parte financeira, que, como também nos induzem a concordar, é especialmente função do homem.

Portanto, ainda não sei ao certo o que farei quanto a isso. Você tem algo a dizer sobre?
*Pra saber mais sobre o termo cissexismo e compreender melhor toda minha argumentação, consulte este link. E aqui um comercial relacionado. :) 

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